2023 não será o ano de Magazine Luiza (MGLU3) e Via (VIIA3) — nem 2024, diz JP Morgan
O JP Morgan rebaixou as recomendações de Magazine Luiza (MGLU3) e Via (VIIA3), diante de maior pessimismo em relação ao setor de varejo. A indicação de Magalu foi cortada de overweight — equivalente à compra — para neutra, enquanto a dona das Casas Bahia foi de neutra para underweight — semelhante à venda.
No pregão de hoje, VIIA3 e MGLU3 lideraram as quedas do Ibovespa (IBOV), com baixas de 10,36%, valendo R$ 2,25, e 4,68%, a R$ 3,87, respectivamente. As ações das companhias fecharam na contramão do mercado, que teve dia otimista.
Joseph Giordano e a equipe do JP veem perspectivas “desafiadoras” para as varejistas de bens duráveis de alto valor. Isso devido à renda disponível pressionada dos consumidores, especialmente de renda baixa a média — base de clientes de Magalu e Via.
Os analistas esperam um volume bruto de mercadorias (GVM) “morno” para este ano, com a companhia de Luiza Trajano imprimindo crescimento de 15% e Via de 5%. As expectativas de vendas para 2024 também foram reduzidas para 10% em MGLU e 15% em VIIA.
“Juntamente com a maior alavancagem, as expectativas apontam para resultados negativos em 2023 para ambos os players, em meio a fluxos de caixas livres pressionados”, dizem Giordano e equipe.
O baque, de acordo com o JP, é explicado em partes, pelo fato de nenhuma das varejistas ter aproveitado efetivamente o espaço deixado por Americanas (AMER3). Os principais concorrentes, Mercado Livre (MELI34) e Amazon (AMZO34), foram os beneficiários, dizem.
Magazine Luiza é preferência
Entre os nomes, o JP Morgan tem preferência por Magazine Luiza. De acordo com os analistas, o player tem maior potencial de se beneficiar das taxas de juros mais baixas no futuro.
Giordano e a equipe do JP afirmam que o Magazine Luiza tem vantagem por ser mais bem preparado no varejo online. O segmento ainda é pouco explorado no Brasil, mas deve melhorar daqui para frente, fazendo com que o Magalu capte robusto crescimento, dizem.
Ainda assim, os analistas ressaltam que o cenário macroeconômico segue “difícil”. A demanda por itens de alto valor pressionada, junto com GMV fraco e alavancagem em níveis desconfortáveis, devem manter o lucro do varejista em território negativo.
Via enfrenta cenário desafiador
Os analistas do JP acreditam que a Via também deve enfrentar tendências operacionais desafiadoras, devido à crise macroeconômica e ao consumo pressionado.
A companhia opera atualmente com um “balanço patrimonial alavancado”, que depende da capacidade da administração de monetizar créditos fiscais. Isso “pode prejudicar iniciativas de crescimento em potencial”, dizem.
A recomendação de underweight para Via se dá pela baixa visibilidade de crescimento e alta alavancagem. Os analistas afirmam que esses pontos devem pressionar o demonstrativo de lucros e perdas da varejista e acarretar em baixas de lucro.