O que pode abalar o ritmo de crescimento da construção civil no Brasil? Veja as visões do governo e das empresas
O mercado imobiliário brasileiro segue aquecido com construtoras batendo recordes de vendas, impulsionadas, principalmente, pelo programa Minha Casa Minha Vida. Durante evento promovido pelo Santander, nesta terça-feira (27), Hailton Madureira, secretário nacional de habitação do Ministério das Cidades, falou sobre a dificuldade que o setor tem encontrado em relação ao crédito habitacional.
“O Brasil vai ter que achar formas de financiar a habitação. A demanda ainda é gigantesca, o país ainda tem um déficit habitacional muito grande e a gente vai precisar discutir isso, sobre como vamos financiar esse crescimento”, avalia Madureira.
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Com a implementação do “Saque Aniversário” no Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS), os recursos ficaram mais escassos para financiar habitação, inclusive na Caixa Econômica Federal, maior agente financeiro a atuar no segemento.
“Vimos saques do FGTS para ovos de Páscoa, viagens e afins. Agora com a tragédia no Rio Grande do Sul, vimos algumas pessoas que não tinham valor para sacar. Estamos estudando soluções para essa questão”, explica.
Apesar da preocupação a médio prazo, Madureira ressalta que o fundo “vai bem” e avalia que esse ano devem ser financiadas 600 mil unidades habitacionais por meio do MCMV.
Outro desafio para o setor está na própria execução das obras. Segundo Ronaldo Cury, presidente do conselho de administração da Cury (CURY3), a dificuldade em encontrar mão de obra qualificada não é novidade para a companhia, que já enfrenta o problema há algum tempo.
Apesar do mercado de trabalho se encontrar aquecido, o setor de construção tem enfrentado uma escassez quando vai procurar pessoas para trabalhar. Isso tem gerado um ponto de atenção para a Cury, já que o desequilíbrio entre oferta e demanda por mão de obras vai levar a um aumento nos salários oferecidos pelas empresas.
Durante o evento, os convidados ainda debaterem sobre aumento de produtividade. Madureira ressaltou que o movimento pode ser impulsionado pela reforma tributária, uma vez que as alíquotas cobradas de incorporadoras e construtoras terão uma redução de 40% – as entidades de classe do setor ainda reivindicam com o governo uma redução de no mínimo 60%.
“A reforma vai incentivar o processo de industrialização e, assim, as empresas focadas em baixa renda vão poder experimentar um aumento de produtividade. Dessa forma, vamos poder seguir para caminhos mais sustentáveis também”, pondera o secretário.
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O presidente do conselho da Cury ainda ressaltou a importância do plano diretor em São Paulo, que possibilitou a compra de terrenos mais próximos às grandes vias de acesso para a produção de mais imóveis para o programa habitacional do governo, o que de certa forma os destacam dos concorrentes.
“As mudanças no plano diretor fizeram com que novas praças fossem exploradas, com excelentes localizações. O que está por vir, a qualidade dos terrenos que a gente tem no nosso pipeline nos deixam muito animados”, disse Cury ao Money Times.