2 fatores que levam o dólar derreter abaixo de R$ 5,30; saiba quais
Após chegar ao maior valor desde julho de 2022 esta semana, a R$ 5,47, o dólar à vista segue na trajetória de devolução de ganhos e derrete mais de 1% nesta sexta-feira (6), abaixo de R$ 5,30.
A moeda norte-americana vem de uma trajetória de queda desde ontem, em linha com o noticiário político. Em queda desde a abertura, por volta das 13h30 (de Brasília), o dólar recuava 1,7%, a R$ 5,25. Já o contrato futuro com vencimento em fevereiro caía 1,8%, a R$ 5,28.
Payroll ajuda a empurrar dólar para baixo
A moeda americana reagiu com mais intensidade e passou a cair mais com os dados do relatório do mercado de trabalho dos Estados Unidos, o payroll, divulgado mais cedo, no qual apontou que o país criou 223 mil vagas de emprego e a taxa de desemprego caiu a 3,5% em dezembro.
O CEO da Conti Capital, Carloz Vaz, avalia que o mercado de trabalho americano está mais flexível e isso é essencial para que o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) possa apostar em reduzir o ritmo do aperto monetário com um pouco mais de segurança.
“Apesar de algumas ressalvas. O payroll anunciado nos últimos meses mostra que o trabalho nos Estados Unidos ainda está aquecido, mas dá sinais de desaceleração. Isso é importante e suficiente para que o Fed repensar a alta dos juros, embora já saibamos que o ciclo contracionista seguirá por mais tempo”, avalia.
O analista de inteligência de mercado da StoneX, Leonel Mattos, acrescenta que o relatório de empregos americano reforçou a leitura de que a autoridade monetária do país “não precisará ser tão rígida” na continuidade do ciclo de alta de juros. Com isso, os juros não precisarão atingir um patamar “tão elevado”.
Atualmente, a taxa está no intervalo entre 4,25% e 4,50% e, para a reunião do Fed de fevereiro, o mercado precifica uma alta de 0,25 ponto percentual (p.p.).
No horário acima, o Dollar Index trinha queda de 0,7%, aos 104,2 pontos, exibindo o enfraquecimento da divisa ante seus pares globais.
Dólar cai ajudado também por governo Lula
Mais cedo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva reuniu-se pela primeira vez com os seus 37 ministros, já empossados, para alinhar a comunicação do Palácio do Planalto.
Isso porque, ao longo da semana, alguns ministros como Fernando Haddad, da Fazenda, Carlos Lupi, da Previdência, e o chefe da Casa Civil, Rui Costa, deram declarações que levaram o mercado financeiro a reagir negativamente. A principal delas foi sobre o governo Lula “desfazer” a reforma da Previdência, defendida por investidores e aprovada no governo do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Na reunião, Lula exaltou a construção de uma boa relação com o Congresso, dizendo que “o governo precisa de um bom relacionamento com a Câmara e o Senado”, o que também agradou o mercado.
“Esses esforços do novo governo Lula entre seus ministros e o seu governo, evitando ruídos que provoquem volatilidade desnecessária nos ativos domésticos, ajudam o dólar”, avalia Mattos, da StoneX.