À espera do mercado de crédito de carbono, Suzano fatura sequestrando CO2
A Suzano (SUZB3) fechou negócio de celulose para fraldas com a empresa global Ontex (no Brasil, com a marca Cremer, entre outras), no qual sequestrará da atmosfera o volume equivalente de CO2 emitido para a entrega do produto, do campo à porta da fábrica.
Deverão ser neutralizadas 6 mil toneladas de carbono. A proposta comercial vai além, naturalmente, da cotação do atacado da matéria-prima e está no contexto das ações da companhia que visam a rentabilidade das ações de sustentabilidade.
Enquanto o mercado de crédito de carbono não funciona para valer, pelo qual empresas e países com problemas sérios para mitigarem níveis altos de emissão fazem a compensação comprando créditos de outras, a Suzano vai usando todas as ferramentas disponíveis.
João Augusti, gerente de meio ambiente e plantio, lembra que o grupo aguarda a regulamentação do crédito de carbono como moeda, inclusive como coparticipante, junto a outras empresas e instituições, das discussões que estariam bem mais avançadas no Ministério da Economia do que há alguns anos.
“Os custos de implantação de projetos sustentáveis são altos, então temos que valorizar esse ativo que temos”, informa o executivo, admitindo ainda que os preços têm que ser atrativos.
Em 2018, a Suzano teria sequestrado mais carbono do que emitiu, afirma Augusti, e para isso a companhia inventaria o carbono em todas as fases de suas operações, desde a produção de mudas à chegada nos portos internacionais de suas mercadorias.
Em todos os biomas brasileiros, a Suzano possui 900 mil hectares em conservação. Destes, João Augusti apresenta o exemplo seguido em 11 fazendas do grupo. Na soma de todas, são mantidos 300 hectares, antes de pastos degradados, com plantio de flora nativa.
O projeto é estruturado desde 2012 e, de acordo com o gerente de meio ambiente e plantio, já foram inventariados cerca de 20 mil toneladas de CO2 armazenados nessas áreas, o que já teria superado a emissão com as florestas de eucaliptos exploradas nas mesmas propriedades.
A Suzano é membro ativo do Centro Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (Cebds), ao lado de outros players – Ambev (ABEV3), Alcoa, Bayer, Natura, entre outros – e a única papeleira presente, e João Augusti acredita que além da compensação monetária há um papel motivacional no mercado.
Quanto menos gás carbono na atmosfera, melhor. E dá dinheiro.