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123Milhas pode falir? Entenda o que está acontecendo com a empresa na visão dos especialistas

31 ago 2023, 18:04 - atualizado em 31 ago 2023, 18:04
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A empresa enfrenta desafios com seus credores e empresas parceiras. O que esperar? (Foto: Flávya Pereira/Money Times)

Após a 123milhas anunciar que não iria honrar com a emissão de passagens da sua linha flexível, a “PROMO”, diversos clientes que foram lesados decidiram que entrariam com uma ação judicial contra a empresa. Isso porque eles ofereceram, no lugar das passagens que não seriam emitidas, um voucher para ser utilizado em outros serviços. De acordo com Jusbrasil, a empresa tem 4,5 mil processos no TJBA, no TJSE e em outros tribunais.

A comoção foi tanta que a agência de viagens se viu obrigada a entrar com um pedido de recuperação judicial. No documento, ela cita que existem mais de 16,6 mil processos. 

“Em virtude da repercussão negativa do anúncio da suspensão da emissão das passagens e pacotes de viagens do Programa Promo123, as Requerentes vêm sofrendo forte pressão de seus credores, que já distribuíram várias ações judiciais“, alega o pedido de RJ.

Vale ressaltar que a empresa também é dona da Hotmilhas e, recentemente, fez uma fusão com a MaxMilhas. Ambas as empresas realizam a compra de milhas aéreas no mercado e que também estão inclusas no processo.

A 123Milhas pode falir?

A empresa já vinha enfrentando problemas financeiros anteriormente e admitiu débitos de mais de R$ 2,3 bilhões. De acordo com o argumento levantado na RJ, a agência tinha apostado na queda dos valores das passagens aéreas após a pandemia, o que não aconteceu, levando ao acúmulo de dívidas para que pudessem honrar com as vendas já feitas.

O advogado especializado em direito do consumidor, José Alfredo Leon, afirmou que o cenário é o pior possível para os clientes que estão como credores do processo e que a possibilidade de receber o dinheiro de volta é remota.

“Eu estou vendo isso como uma situação muito triste. O cliente final é o mais prejudicado e é ele quem sustenta toda a operação”, apontou.

Em um processo de recuperação judicial, existe uma sequência de pagamentos a serem seguidos. Primeiro são os trabalhadores daquela empresa, posteriormente os tributos, depois os credores privilegiados (que normalmente são os que aportaram maior valor) e só depois os clientes finais, ou seja, aqueles que compram suas passagens no modelo flexível oferecido pela companhia.

O caos gerado com o anúncio da RJ, somado ao modelo de negócio da empresa e ainda às dívidas que a 123Milhas já apresenta, resulta em um cenário complicado para a agência de turismo. O advogado explica que o processo de recuperação judicial, de fato, deve auxiliar a empresa a manter os seus compromissos econômicos, mas seu nome no mercado já está manchado e será um desafio para que consiga uma recuperação consistente.

Diversas empresas parceiras, segundo o documento do pedido da própria 123Milhas, suspenderam contratos, o que dificulta a situação da empresa.

De certa forma, essa situação gerou um pânico em parte da população afetada que se vê desamparada. Contudo, a visão de Amanda Gleyslla Carrijo, advogada que está auxiliando clientes nesse processo, é mais confiante. “É fundamental que todos se mantenham vigilantes, porém confiantes, sem perder a esperança de uma solução diante dos desafios enfrentados pela empresa. Contem com outras pessoas para atravessar esse momento”, aconselhou.

Leon acredita que o modelo de negócio desse tipo de empresa deve ser revisto e regulamentado para que pessoas não sejam afetadas diretamente, como está acontecendo.

A 123Milhas pede na recuperação judicial que haja suspensão imediata das ações judiciais movidas contra ela, inicialmente por 180 dias (seis meses) para que consigam seguir com o plano de pagamento dos credores.

O Money Times solicitou posicionamento da 123Milhas, Hotmilhas e Maxmilhas e não teve retorno até a publicação desta matéria.

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