Economia

10 vezes sem juros: Como a inflação fez o mundo ‘se abrasileirar’ quando o assunto é pagamentos

04 ago 2023, 19:01 - atualizado em 04 ago 2023, 19:01
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Inflação faz consumidor optar por modalidades de crédito. (Imagem: REUTERS/Fabrizio Bensch)

A inflação duradoura está provocando uma mudança nos hábitos de pagamento dos consumidores em países desenvolvidos, que procuram cada vez mais modalidades de crédito e crédito alternativo para fazerem as transações do cotidiano; uma realidade muito bem conhecida do público brasileiro.

Esta é uma das conclusões colocadas pelo estudo Global Payments, elaborado anualmente pela Wordpay. A Worldpay uma empresa de processamento de pagamentos, adquirida adquirido pela Fidelity em julho de 2019.

Nos Estados Unidoscerca de 30% de todo volume transacionado no comércio eletrônico é feito por meio de cartões de crédito, o que os coloca bem próximo do Brasil, que é o líder regional com 39% de uso da modalidade em compras eletrônicas.

Na Austrália e na Europa, o sistema de pagamentos conhecido como “Buy Now Pay Later” (“Compre agora, pague depois”) se prepara para uma nova fase de expansão global.

‘Compre Agora, Pague Depois’ avança para uma segunda fase de expansão

O produto consiste em um tipo de financiamento de curto prazo que permite ao consumidor fazer compras e pagar por elas em uma data futura.

Em um primeiro momento, marcado entre os anos de 2018 e 2021, a ideia do ‘BNPL’ era fornecer a possibilidade de um pagamento a prazo, com juros zero.

Mas, vários provedores de BNPL viram reduções dramáticas nas avaliações das empresas a partir do ano passado, devido aos juros básicos restritivos e inflação pressionando a margem dos fornecedores da modalidade. Atualmente são cerca de 200 provedores, entre bancos, big techs e fintechs.

Segundo o estudo, mesmo diante dos desafios, os valores transacionados totais com BNPL continuam a aumentar, assim como sua participação relativa. Nesse sentido, a Wordpay destaca como forças de um segundo momento de expansão: 

  •  Novos regulamentos que aproximam o BNPL dos produtos de crédito existentes para o consumidor;
  •  Uma gama mais diversificada de prazos de pagamento, indo além de “pagar em 4” ou “pagar em 6” para incluir prazos mais longos de até 12 meses, bem como contas rotativas;
  • Aumentar a transparência dos juros e tarifas para pagamentos em atraso;
  • BNPL sendo oferecido em uma gama mais ampla de verticais (incluindo provedores de BNPL específicos de verticais) e para bens e serviços em uma ampla variedade de pontos de preço

De acordo com o estudo da Worldpay, o Buy Now Pay Later (“Compre agora, pague depois”) deve crescer de 5% para 6% de todas as transações no comércio eletrônico global até 2026.

No Brasil, PIX ganhou coração dos consumidores

O grande destaque do estudo sobre o contexto brasileiro é a consolidação do Pix como o meio preferido para pagamentos dos consumidores. Cerca de 24% das transações totais do país em 2022 foram feitas por meio da modalidade.

Nas palavras do vice-presidente sênior da Wordpay na América Latina, Juan Pablo D’Antiochia, o Pix é um case global de sucesso em termos de sistema de pagamentos, que vem servindo de exemplo para outros países. Facilidade, agilidade, segurança e custo praticamente nulo das transações ajudam na expansão do sistema.

Mas há ainda um outro fator diferencial no caso brasileiro, diz D’Antiochia: o papel garantidor do Banco Central brasileiro.

“Países como os Estados Unidos, com sistemas bancários mais fragmentados, tendem a ter mais dificuldades para implantar soluções como o Pix”, avaliou D’Antiochia no evento realizado na última quarta-feira.

Com esse avanço, até 2026, a previsão é que esse meio de pagamento será responsável por 35% do valor de todas as transações no e-commerce no Brasil, conforme o estudo da Worldpay.

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