10 fatos e fakes sobre a nova atualização da Ethereum (ETH), segundo especialista
O The Merge, atualização da rede Ethereum (ETH) previsto para este mês, é o maior e mais aguardado evento da história da rede de contratos inteligentes.
O evento promete mudar de forma significativa o maior ecossistema cripto da atualidade. Em suma, a atualização irá modificar o algoritmo de consenso original da Ethereum, Proof-of-Work, para um novo consenso baseado em Proof-of-Stake.
Conforme Orlando Telles, diretor de pesquisas da Mercurius Crypto, casa de análises de criptomoedas, a operação provavelmente será o ápice e o momento mais crítico do plano de escalabilidade da Ethereum, que não só é a segunda blockchain mais valiosa em termos de MarketCap, como é também de longe a maior plataforma de contratos inteligentes do mundo.
Dada a sua complexidade no curto e longo prazo, Telles aponta que é normal que haja confusões em torno da atualização.
Para ajudar no esclarecimento da comunidade, o especialista traz 10 afirmações mais recorrentes do mercado e classifica entre “fake ou fato”:
1) O The Merge vai reduzir as taxas e aumentar a velocidade da rede
Fake. O especialista destaca que o The Merge é a migração de PoW para PoS, e muito embora isso faça parte de um grande plano de escalabilidade concebido em 2018, esta etapa, em particular, não é nem nunca foi a responsável por baratear taxas ou tornar a rede mais rápida.
“A escalabilidade era originalmente atribuída aos Shardings, sendo depois remanejada para os rollups, a partir do momento em que a Ethereum adotou o Rollup-Centric Roadmap”, diz.
2) Assim que o The Merge estiver pronto, os valores em Staking poderão ser sacados
Fake. Após a atualização a rede funcionará em modo PoS, mas ainda sem a possibilidade de retirada de valores colocados em Staking. Telles aponta que a funcionalidade só será possível após outro upgrade chamado Shangai, ainda sem data de previsão.
3) Então, quando o Staking puder ser retirado, vamos ver um despejo de Ethereum
Fake. As retiradas de valores em Staking terão que obedecer limites e cronogramas, ainda não definidos, uma vez que a retirada for habilitada.
“Hoje a rede Ethereum tem apenas 10% dos seus tokens travados em staking, enquanto outras redes PoS possuem de 50% a 75%. É bem possível que o efeito de as retiradas estarem prontas seja o contrário, aumentando a confiança da comunidade e aumentando ainda mais a proporção de tokens travados”, explica.
4) Só pode fazer staking quem tiver 32 ETH
Fake. Para Telles, o requisito de staking 32 ETH é para quem deseja operar um nó validador da rede, sendo capaz de propor blocos e assim recolher diretamente as recompensas da emissão de ETH.
Para quem não tem essa capacidade, existem outras possibilidades, como a utilização de pools, staking em corretoras ou até mesmo staking líquido em plataformas como a Lido Finance.
5) Com o The Merge teremos um novo token ETH2
Fake. Essa confusão se deu por muito tempo, enquanto a Ethereum Foundation se referia a rede proof-of-stake da Beacon Chain como ETH2, mas o fato é que nomenclatura nunca se referiu a um novo token, servindo apenas para diferenciar as redes, aponta o especialista.
“Ainda assim, algumas corretoras cogitaram criar um token ETH2 para diferenciar os tokens que estavam em staking daqueles que não estavam, o que ajudou a criar uma confusão ainda maior. Atualmente, com o The Merge, a ideia é que a fusão entre as redes seja transparente e isso se reflete também nos tokens em staking, que são e continuarão sendo tokens ETH”.
6) Após o The Merge a impressão de novos ETH vai diminuir drasticamente
Fato. Com a mudança de PoS para PoW, não serão mais impressos os ETH destinados a remunerar os mineradores e os validadores passarão a ser remunerados por uma realocação das taxas de transação.
A expectativa é que o upgrade corte a emissão de novos ETH em cerca de 90%, um fenômeno que vem sendo apelidado pela comunidade de Triple Halving, o que seria o equivalente a três halvings do Bitcoin de uma única vez.
7) Com o Triple Halving os ganhos de staking serão triplicados
Fake. Essa é outra confusão que tem se formado na comunidade. O Triple Halving não tem relação com os ganhos dos stakers, sendo relacionado apenas com a redução na emissão de novos tokens ETH.
De acordo com o especialista, a Ethereum irá destinar uma maior parcela das taxas da rede para remunerar os seus validadores, com a expectativa de que os ganhos de staking aumentem em pelo menos 50%.
8) O The Merge irá tornar as segundas camadas inúteis
Fake. Considerando que o The Merge não irá acelerar a rede nem baratear as taxas, não existe qualquer motivo pelo qual prejudicaria as segundas camadas.
“Na verdade, hoje os rollups são considerados o caminho oficial pelo qual a Ethereum será escalada, e diversos upgrades futuros para o pós-merge são concebidos para ajudar e facilitar a vida dos rollups”, ressalta.
9) Os mineradores da Ethereum podem fazer um hard-fork e teremos duas redes Ethereum
Fato. Esta não é apenas uma possibilidade, mas um movimento que está sendo liderado pelo Justin Suns, dono da corretora Poloniex, com apoio de um grupo de mineradores chineses e suporte de corretoras como BitMex e Huobi.
Na teoria, Telles explica que um hard-fork alternativo continuaria funcionando em modo de PoW e iria concorrer diretamente com a nova Ethereum em PoS, pois fora o mecanismo de consenso, ambas seriam “iguais”.
Contudo, na prática, a rede Ethereum hoje possui muitas dependências externas que não podem ser duplicadas, como stablecoins, tokens sintéticos em pontes, conexões com Oráculos, e muito mais.
“No final das contas, essa Ethereum forkada em modo PoW, caso venha a ser estabelecida, vai ser uma rede extremamente prejudicada e disfuncional”, aponta.
10) O processo de upgrade do The Merge pode dar errado
Fato. Qualquer upgrade em uma blockchain pode dar errado. Não é à toa que o The Merge chega em setembro, após vários meses de testes e estudos, cobrindo a migração de quatro testnets e diversos shadow-forks com sucesso.
“No final das contas isso não nos dá garantias, mas pelo menos temos a segurança de que o dever de casa foi muito bem feito”, finaliza.
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