Arena do Pavini

10 fatos e análises que já sabemos sobre a desestatização da Eletrobras

23 ago 2017, 2:15 - atualizado em 05 nov 2017, 13:57

Eletrobras

O anúncio da desestatização da Eletrobras (ELET3 e ELET6) já é vista como um marco na economia brasileira. Os números do mercado, que reagiu com ânimo hoje na B3, falam por si. As ações ordinárias subiram 49% e as preferenciais de classe B 32%. O valor de mercado da companhia ficou R$ 9 bilhões maior e levou o Ibovespa para o nível acima dos 70 mil pontos. O patamar não era visto há mais de seis anos.

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O Money Times separou os 10 principais pontos e análises sobre o que já se sabe é possível analisar sobre esta megaoperação:

1 – O Modelo?

O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, disse que o governo está trabalhando na modelagem do processo de privatização e fazendo avaliação sobre valores e modelagem. “Logo que tenhamos avaliações mais precisas faremos o anúncio completo”, afirmou. O secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Eduardo Guardia, disse a venda pode ocorrer por meio da venda de controle ou pela diluição das ações da empresa, mas que ainda é prematuro dizer que o governo prefere o “caminho A, B ou C”.

2 – Plano estratégico

O presidente da Eletrobras, Wilson Ferreira Junior, disse que os processos de reestruturação da empresa não mudarão em função da intenção do governo em desestatizar a empresa. Segundo ele, todo o calendário de ajustes na empresa – que fez a estatal voltar a dar lucro – continua normalmente. “O plano permitirá a empresa a participar mais ativamente do processo de descotização das usinas hidrelétricas. No momento a empresa não teria condições financeiras de participar do processo e com a desestatização iremos participar”, completou.

3 – Resultado primário

O secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Eduardo Guardia, enfatizou que a venda da Eletrobras não será feita para gerar receita primária, porque receitas de desestatizações são receitas financeiras. “Então isso não está sendo feito com o objetivo de impactar o resultado fiscal”, concluiu.

4 – Quem vai mandar na Eletrobras?

Apesar da privatização, o desenho que está sendo estudado para a operação prevê que a União mantenha uma “golden share”, com poder veto em decisões da companhia. O nome Eletrobras também deve ser mantido. Após o processo, a União passará a deter participação inferior na empresa.

5 – Sem Itaipu e Eletronuclear

O governo descarta incluir a Eletronuclear e a Usina Hidrelétrica de Itaipu no processo de desestatização da Eletrobras. No caso da empresa responsável pelas usinas nucleares brasileiras, o motivo é uma questão constitucional e, no caso de Itaipu, por se tratar de usina binacional dependendo de acertos com o Paraguai.

6 – Prazo

O ministro de Minas e Energia, Fernando Coelho Filho, disse que o governo pretende anunciar “o quanto antes” o modelo que será utilizado para a privatização da Eletrobras, ainda este ano. Mais cedo, ele estimou que o processo possa ser concluído ainda no primeiro semestre de 2018.

7 – Avaliação na Bolsa  

Uma avaliação inicial do Citi indicou que as ações podem subir aproximadamente R$ 5,80 como resultado do processo de privatização, segundo o analista Marcelo Britto. Para ele, a transação tende a ser complexa, mas será um potencial “game-changer”. Em valor de mercado, a diferença seria de R$ 7,8 bilhões (abaixo dos R$ 9 bi após a valorização de terça-feira). “Esperamos que a diferença entre as ações preferenciais e ordinárias deve se estreitar dado que o upside potencial de lucros e dividendos pode ser amplamente capturado pelas ações ordinárias”, avalia.

O Santander calcula que o VAL (Valor Atual Líquido) potencial da Eletrobras pode chegar a R$69,00 por ação usando múltiplos de mercado (ajustados para descontar um caixa inferior de contratos de operação e manutenção. “A possível privatização pode liberar novo valor para os acionistas, como um novo parceiro ou investidores que podem acelerar o plano de reestruturação e melhorar o custo da dívida e a estrutura de capital”, avaliam Maria Carolina Carneiro, Thiago Silva e André Sampaio, que assinam a análise.

8 – Quem pode comprar?

Segundo o banco de investimentos Brasil Plural, considerando o limite natural de alavancagem das empresas nacionais do setor, os grupos estrangeiros parecem ser os principais a tomar vantagem da situação. “O montante esperado a ser levantado através da transação não parece ser uma preocupação para grupos chineses considerando suas transações anteriores no setor e as características do negócio da Eletrobras, que tem uma enorme exposição à geração e transmissão”, pontua o analista Vitor Sousa.

Especialistas também afirmam que, dependendo da modelagem que será adotada pelo governo, o ativo pode ser ideal para grandes fundos de investimentos.

9 – Tamanho da oferta

Para o BTG Pactual, o valor especulado de R$ 20 bilhões a ser levantado em uma possível oferta de ações – que reduziria a atual fatia do governo de 69% para 47% – seria inatingível em uma operação secundária, mostra a análise publicada pela Arena do Pavini. Isso porque, a preços atuais, a participação do governo seria de R$ 11,6 bilhões e a redução de um terço equivaleria a R$ 3,7 bilhões. O cenário em que o governo conseguiria levantar R$ 20 bilhões seria um em que todas as medidas para tornar a Eletrobrás uma empresa eficiente, de capital privado e com melhor governança corporativa e menores custos, elevariam seu valor de mercado em 100%. Ou seja, dobrariam o valor da empresa.

Segundo a Thymos Energia, a venda pode render R$ 17 bilhões para o Tesouro Nacional no próximo ano. Essa estimativa leva em conta uma das opções aventadas pelo governo para vender o controle da empresa, que é a estatal levantar recursos na Bolsa de Valores com uma oferta de novas ações e usar o dinheiro para mudar os contratos do setor elétrico, o que geraria um pagamento de bônus à União.

10 – Dilma, a carrasca

O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), disse que não importa se a gestão da empresa é pública ou privada e aproveitou a notícia para atacar a ex-presidente Dilma Rousseff, que criticou a decisão do Palácio do Planalto. Na opinião da petista, a privatização ameaça a segurança energética do País. “A gente viu nos últimos tempos, no governo da presidente Dilma, que o controle dessas empresas foi desastroso”, disse.

Maia relembrou a decisão de Dilma de editar a MP 579, assinada em 2012, que obrigou as usinas hidrelétricas a trocarem tarifas acima de R$ 100 por megawatt-hora por um preço ao redor de R$ 30. “A MP 579 quebrou o setor de energia. É um bom exemplo do catálogo que estamos organizando de decisões catastróficas, que gerou prejuízo de R$ 200 bilhões”, complementou.

(Com Agência Brasil, Agência Estado e Arena do Pavini)

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