Market Makers

Queda dos dividendos: Por que este gestor shorteou TAEE11, ENGI3 e TLRP4?

19 abr 2024, 14:10 - atualizado em 19 abr 2024, 14:20

Favoritas dos investidores pessoas físicas quando o assunto é dividendo, o gestor Guilherme Motta, responsável pela gestão do fundo Studio Long Biased, não parece muito animado com a tese de algumas elétricas na bolsa, em especial Taesa (TAEE11), Engie (EGIE3) e Transmissão Paulista (TLRP4).

Juntas, essas companhias são figurinhas carimbadas em carteiras de dividendos de corretoras e bancos pelos gordos dividend yields (retorno de dividendos) e receitas previsíveis.

Porém, Motta diz que as empresas podem pagar menos proventos que os investidores esperam. E, justamente por disso, o gestor ‘shorteou’ os papéis, isso é, apostou na queda das ações. As falas ocorreram no episódio do podcast Market Makers.

“Estamos short em Taesa. Grande parte das pessoas físicas tem o papel por um dividendo muito alto. Achamos que esses dividendos deverão ser cortados de maneira relevante ao longo do ano e a mesma coisa para Transmissão Paulista”, argumenta.

Ouça o episódio na íntegra:

Segundo ele, a Taesa é uma história muito mal precificada no mercado porque ela paga um dividendo acima do fluxo de caixa.

“E a maioria das concessões tem reajuste de IGP (Índice Geral de Preços) muito grande e o IGP está sendo negativo. Estão passando por certa dificuldade para manter os dividendos altos. Eles estão chegando a quase 4 vezes dívida líquida/Ebitda“, prevê.

No caso da Transmissão Paulista, Motta vê a venda da participação da Eletrobras (ELET6), que tem mais de 50% dos papéis preferenciais, na empresa como um risco para os papéis.

“Achamos que ação tem bastante espaço para cair, mais de 30%. É bem relevante. Isso deve acontecer em algum momento. E achamos que os dividendos serão cortados. A Engie Brasil também estamos shorts nessa ótica de dividendos cortados”, completa.

Outros shorts

Na entrevista, Motta também diz que aposta na queda dos papéis da Americanas (AMER3), empresa que passa por recuperação judicial.

Nesse caso, o risco para o papel é a grande diluição que ocorrerá após as dívidas se transformarem em ações.

“A empresa terá que converter 20 bilhões de ações, e nenhum dinheiro vai para companhia, vai para pagar credor, então tem uma diluição muito relevante. Nesse preço atual, depois que entrar essa quantidade de ações, ela vale R$ 10 bilhões, enquanto o Magalu negocia a R$ 1 bi. A gente acha que a ação da Americanas tem que cair bastante”, explica.

Ouça o episódio na íntegra:

O que é short?

Para o investidor conseguir shortear um papel, é necessário realizar um aluguel de ações.

O tomador, ou o acionista que possui a ação, por exemplo, aluga ao investidor a ação por um determinado período.

Em um exemplo hipotético, seria tomar o papel emprestado a R$ 0,80 e devolvê-lo a R$ 0,40. Nesse caso, o lucro seria de R$ 0,40.

Editor-assistente
Formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, cobre mercados desde 2018. Ficou entre os 50 jornalistas +Admirados da Imprensa de Economia e Finanças das edições de 2022 e 2023. É editor-assistente do Money Times. Antes, atuou na assessoria de imprensa do Ministério Público do Trabalho e como repórter do portal Suno Notícias, da Suno Research.
Linkedin
Formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, cobre mercados desde 2018. Ficou entre os 50 jornalistas +Admirados da Imprensa de Economia e Finanças das edições de 2022 e 2023. É editor-assistente do Money Times. Antes, atuou na assessoria de imprensa do Ministério Público do Trabalho e como repórter do portal Suno Notícias, da Suno Research.
Linkedin