Internacional

México quer que pagamentos com aplicativos substituam dinheiro

18 out 2019, 15:14 - atualizado em 18 out 2019, 15:14
O programa nacional CoDi — abreviação de cobrança digital — pretende expandir as compras eletrônicas (Imagem: Alejandro Cegarra/Bloomberg)

O Starbucks no elegante shopping center Buenavista, próximo ao centro histórico da Cidade do México, estava movimentado em uma manhã recente e a atendente de caixa Monserrat Ruiz não dava conta do movimento. Os clientes pagavam por seus lattes e cafés gelados em dinheiro, inclusive moedinhas.

É uma visão estranha para estrangeiros acostumados a pagar rapidamente com cartões ou aplicativos de celular. Mas no México, o dinheiro ainda reina. Aliás, é cada vez mais usado por causa da economia informal enraizada e da desconfiança da população em relação às grandes instituições.

Agora, o governo e os grandes bancos tentam fazer com que os mexicanos mudem esse hábito. O programa nacional CoDi — abreviação de cobrança digital — pretende expandir as compras eletrônicas, trazer uma nova base de clientes para as instituições financeiras e, mais importante, ajudar o governo a combater transações ilícitas e aumentar a arrecadação de impostos.

Em um país onde quase 40% da população não tem conta bancária, essa troca significaria uma mudança cultural radical.

Há um “enorme desafio subjacente na economia mexicana, que é o setor informal”, disse Christopher Wilson, vice-diretor do Instituto México do Wilson Center, um centro de estudos com sede em Washington. “As pessoas são mais propensas a receber pagamento em dinheiro, o que significa menos incentivo para abrir conta bancária e menos incentivo ao uso de pagamentos digitais.”

O dinheiro é a principal forma de pagamento para 88% dos mexicanos, segundo dados da Minsait, afiliada da consultoria espanhola Indra. As transferências eletrônicas de dinheiro estão disponíveis há muito tempo, mas são complicadas e por vezes exigem equipamento especial ou até mesmo que o indivíduo compareça pessoalmente à agência bancária.

Outros países já tentaram reprimir o uso do dinheiro antes, como o primeiro-ministro indiano Narendra Modi, que há três anos baniu as cédulas de valor alto (Imagem: Pixabay)

Outros países já tentaram reprimir o uso do dinheiro antes. O esforço mais notável foi o do primeiro-ministro indiano Narendra Modi, que há três anos baniu as cédulas de valor alto e trouxe caos para a economia local. O CoDi, lançado oficialmente em 30 de setembro, é um programa muito menor, que pode ser entendido como a infraestrutura sobre a qual os bancos do México poderão construir seus próprios aplicativos.

Segundo o banco central, mais de 20 instituições financeiras lançaram aplicativos de processamento de pagamentos vinculados ao sistema, incluindo Banco Santander,

Citibanamex (pertencente ao Citigroup) e Banco Bilbao Vizcaya Argentaria (o maior do país). Outros seis, incluindo o HSBC, oferecem apenas pagamentos de uma pessoa física para outra.

O CoDi passou antes por um teste em três cidades, considerado bem-sucedido pelos bancos. O Santander, por exemplo, trabalhou com 450 varejistas nesses locais, incluindo vendedores de tortillas e bodegas, onde o pagamento em dinheiro impera.

Os programas em fase piloto “nos permitiram entender como as pessoas reagem a uma forma de pagamento que agora não é tangível”, disse Carlos Marmolejo, diretor-executivo do Santander responsável pelo lançamento do CoDi. “Quando perceberam que podiam pagar com isso, que pequenas empresas aceitariam pagamentos com um código QR, acharam incrível.”

Compartilhar

TwitterWhatsAppLinkedinFacebookTelegram
Giro da Semana

Receba as principais notícias e recomendações de investimento diretamente no seu e-mail. Tudo 100% gratuito. Inscreva-se no botão abaixo:

*Ao clicar no botão você autoriza o Money Times a utilizar os dados fornecidos para encaminhar conteúdos informativos e publicitários.

Usamos cookies para guardar estatísticas de visitas, personalizar anúncios e melhorar sua experiência de navegação. Ao continuar, você concorda com nossas políticas de cookies.

Fechar