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‘Clima na Faria Lima não poderia ser pior’, diz BTG sobre setor financeiro; veja em quais ações apostar

26 jun 2024, 9:51 - atualizado em 26 jun 2024, 9:51
setor financeiro
BTG vê clima pesado no setor financeiro, após visitas a clientes e investidores (Imagem: Getty Images)

O clima na Faria Lima não poderia ser pior, dizem analistas do BTG Pactual em relatório setorial financeiro, após visitas a clientes e investidores em São Paulo nas últimas semanas, que mostraram um clima “claramente tenso”. Os analistas estranham a situação, tendo em vista que a economia no geral continua a ter um bom desempenho, além de ter surpreendido positivamente nos últimos anos.

No entanto, o iShares MSCI Brazil (EWZ), principal fundo de índice (ETF) brasileiro em Nova York, caiu 19% no acumulado do ano, a curva de juros está precificando taxas mais altas e o real caiu 7% nos últimos 50 dias, aponta o relatório.

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Nesse cenário, os analistas avaliam que os mercados estão prevendo uma forte desaceleração econômica no futuro e há uma crescente “frustração” de que as ações no Brasil não funcionam, levando os investidores a transferirem investimentos para o exterior.

O banco relembra o período da reeleição de Dilma Rousseff, quando os mercados brasileiros tiveram forte correção. “Então, por que o clima está tão próximo de se intensificar como era naquela época? Resposta curta: os fundos, tanto de ações como macro, estão apresentando desempenho inferior aos seus benchmarks”.

O que o BTG vem discutindo com investidores

O BTG aponta que o mercado lembra o início de 2022, quando as taxas já estavam subindo e algumas “bolhas” pandêmicas estavam se normalizando, e lista aspectos que funcionavam naquela época e parecem estar funcionando novamente agora:

  1. Ações de “short duration”, ou seja, múltiplos baratos;
  2. Negócios simples, fáceis de prever e com menor risco de ciclicidade/ruptura;
  3. Melhoria dos resultados operacionais, sendo que superar as expectativas é um grande diferencial;
  4. Elevados rendimentos de dividendos, se possível.

“No setor financeiro, incluímos neste grupo Itaú, Banco do Brasil, BB Seguridade e Porto (este último um pouco menos porque está se expandindo muito em saúde)”.

Caso não possa cumprir todos esses requisitos, o banco aponta a dinâmica favorável dos lucros é essencial.

“A XP, por exemplo, carece de momentum de lucros, não é um ativo caro (mas a 12x P/L 24E, você não pode chamá-lo de muito barato) e é um negócio complexo, desafiado por bancos, gestão lutando para mostrar que pode gerar alfa, e o negócio se tornando mais ‘asset-heavy’, etc”.

Por outro lado, o BTG avalia que o setor de adquirência/pagamentos, como PagSeguro e Stone, está barato, pois estão confiantes no crescimento dos lucros. No entanto, se trata de um setor complexo e o mercado duvida claramente do seu futuro. Ainda, destacam que o exterior não está ajudando, com os players globais de pagamentos negociando nos menores múltiplos históricos.

“Tomemos como exemplo o Inter. A ação provavelmente não é mais barata que a XP, mas apresenta um forte momentum de lucros (com resultados superando as expectativas do mercado nos últimos trimestres) e um claro aumento do ROE, e a administração está obviamente entusiasmada com as muitas oportunidades futuras, como o financiamento Pix”.

No ambiente atual, entre os nomes com beta mais alto, o BTG tende a acreditar que as ações do Inter têm maiores chances de performar do que a XP durante o restante do ano.

Itaú, Nubank e BTG permanecem os nomes “premium”

O BTG aponta que, assim como em reuniões anteriores, tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos, os nomes “premium” permanecem os mesmos: Itaú (ITUB4), Nubank (NU;ROXO34) e BTG Pactual (BPAC11).

O banco aponta que, diferente do período anterior ao primeiro trimestre, perceberam menos interesse dos clientes em mudar do Itaú para o Bradesco.

Sobre o Nubank, esperam que a fintech apresente resultados aquém das expectativas nos próximos trimestres e todos estão impressionados com os números, no entanto, o forte desempenho acima dos pares/mercado no acumulado do ano levou alguns investidores a reduzirem um pouco as suas posições, enquanto há um aumento do interesse (e de compra) em Inter.

“O BTG continua sendo a tese favorita de capturar o tema de aumento da atividade do mercado de capitais do Brasil, enquanto o sentimento em relação à XP é cada vez mais negativo, com muitos investidores usando-a como funding para ações com betas maiores”.

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Repórter
Formada em jornalismo pela Universidade Nove de Julho. Ingressou no Money Times em 2022 e cobre empresas.
lorena.matos@moneytimes.com.br
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