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2º semestre promete salto para commodities, diz CIO da Trígono, gestora especializada em Small Caps

24 jun 2024, 16:45 - atualizado em 24 jun 2024, 16:54
commodities ações
Para Werner Roger, colheita antecipada e maior demanda deve resultar em preços mais fortes; China pode ajudar commodities (Imagem: Divulgação)

Devemos ver um novo ciclo de alta para algumas commodities, com destaque para os valores do açúcar e etanol, na avaliação de Werner Roger, gestor e CIO da Trígono Capital, especializada em Small Caps e que tem R$ 3 bilhões sob gestão. 

“O ciclo 2024/2025 deve ser de uma boa safra para o Brasil. Quanto ao ciclo que se encerra, a soja já foi colhida, o milho está sendo colhido e estamos em plena safra de cana-de-açúcar, com um clima desfavorável. A safra de cana 23/24 teve uma colheita atípica, que se estendeu até quase o Natal, quando ela normalmente se encerra em novembro”, explica.

De acordo com a StoneX, a moagem na safra 2024/2025 deve atingir 602,2 milhões de toneladas. Em 23/24, a moagem ficou em 659,3 milhões de toneladas. Os efeitos dessa colheita mais tardia resultam em uma perda da produção de cana neste ciclo e da rebrota, o que deve pesar nas próximas safras.

“Conversando com empresas do setor, há expectativa de uma safra 24/25 mais curta, que pode se encerrar no fim de setembro e começo de outubro, com uma colheita menor que do ano passado”, analisa.

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Colheita antecipada e demanda devem resultar em alta nos preços do açúcar e etanol

Werner cita uma menor moagem para São Martinho (SMTO3) no ciclo atual, mas destaca que o tempo mais seco deve resultar em maior ATR (açúcar totais recuperáveis), o que pode resultar em mais açúcar e etanol para empresa.

“Esperamos que o mercado futuro do açúcar, os hedge funds, que especulam muitas commodities, preveem um déficit de 3 milhões de toneladas no mercado, o que pode significar uma recuperação no preço do açúcar no segundo semestre. Isso depende também das safras de Índia e Tailândia, e quanto eles vão produzir de açúcar e etanol”, vê Roger.

Entre as empresas que podem ganhar com está cenário no ciclo 24/25 está a própria São Martinho, assim como a Jalles Machado (JALL3)

“A SMTO3 fez um bom hedge, de dois terços da produção, em torno de US$ 0,23, bem acima dos valores atuais de US$ 0,19, com a perspectiva de melhores valores no segundo semestre, para vender este restante. Fora isso, o dólar está ajudando, já que a empresa travou o parte do açúcar, mas não a moeda, que saltou de R$ 4,90 para 5,40”, comenta.

“A Jalles, por outro lado, deve sair de um hedge ruim em 23/24 (R$ 1950/t), para um hedge bom, de R$ 2500, ganhando 30% ante ao ano passado, ainda que tenham travado o dólar. O Brasil está vendendo bem essa safra, e quem não comprou, deve ver um açúcar em preços maiores, em torno de US$ 0,21 – US$ 0,23”, completa.

O CIO da Trígono comenta que 2024 tem sido um período aquecido para os preços do etanol hidratado. “Se mantermos esse ritmo de consumo, devem faltar 3,2 bilhões de litros no Brasil até o fim da safra. Já que não há fatores que justifiquem uma queda da demanda, devemos ver uma alta dos preços. Com uma menor safra de cana e maior demanda por etanol, a tendência é para uma alta nos preços ao longo do ano. Fora isso, o etanol de milho deve remunerar mais no ciclo atual”, discorre.

Commodities como soja e milho devem apresentar recuperação

Roger destaca que os preços do milho estão em patamares baixos, mas que devido a um oferta de 15 milhões de toneladas a menos no atual ciclo, há expectativa para uma recuperação nos preços.

Para o segundo semestre, se eu fosse produtor de etanol de milho, eu compraria o que eu pudesse, enchia o silo até o final do ano com esse preço de R$ 45/sc”, aponta

Além disso, a China investigação antidumping em produtos provenientes de carne suína importados da União Europeia, pode ser um fator de alta nos valores da soja

“O Brasil responde por 70% das compra de soja da China, e com esse cenário no país asiático, há dois cenários possíveis. Ou eles produzem mais suínos, o que deve resultar em maior importação de soja e milho. Se eles não conseguirem compensar essa demanda interna. o Brasil surge como uma alternativa para exportação de suínos. Como o suíno come mais milho e soja, aumenta a demanda por rações nos países, o que pressiona os preços. Além disso, o câmbio joga ao nosso favor”

O cenário acaba sendo um fator positivo para empresas agrícolas como BrasilAgro (AGRO3), SLC Agricola (SLCE3) e Kepler Weber (KEPL3).

Ainda assim, Werner vê como fundamental acompanhar as safras dos Estados Unidos e Argentina, que representam uma fatia significativas da safra global das commodities. “Vejo um cenário bom para açúcar e etanol, e levemente positivo para os grãos”.

Repórter
Formado em Jornalismo pela Universidade São Judas Tadeu. Atua como repórter no Money Times desde março de 2023. Antes disso, trabalhou por pouco mais de 3 anos no Canal Rural, onde atuou como editor do Rural Notícias, programa de TV diário dedicado à cobertura do agronegócio. Por lá, participou da produção e reportagem do Projeto Soja Brasil, que cobre o ciclo da oleaginosa do plantio à colheita, e do Agro em Campo, programa exibido durante a Copa do Mundo do Catar e que buscava mostrar as conexões entre o futebol e o agronegócio.
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Formado em Jornalismo pela Universidade São Judas Tadeu. Atua como repórter no Money Times desde março de 2023. Antes disso, trabalhou por pouco mais de 3 anos no Canal Rural, onde atuou como editor do Rural Notícias, programa de TV diário dedicado à cobertura do agronegócio. Por lá, participou da produção e reportagem do Projeto Soja Brasil, que cobre o ciclo da oleaginosa do plantio à colheita, e do Agro em Campo, programa exibido durante a Copa do Mundo do Catar e que buscava mostrar as conexões entre o futebol e o agronegócio.
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